O Falso Problema
"A escola é um rito iniciático que introduz o neófito à carreira sagrada do consumo progressivo..." Ivan Illich

No período da Ditadura Militar, na década de 60, o papel da Escola Normal, no Brasil, não considerava, em hipótese alguma, e até discrimina e censurava qualquer manifestação cultural legítima brasileira, privilegiando esportes e culturas internacionais (APUD VAGO, 1996).
Por exemplo a Capoeira, o Samba e outras culturas populares autênticas, só hoje em dia são aceitas, regionalmente, em ambiente escolar. Isso porque o modelo de educação que se adotou no país, a partir da década de 60, foi criado para atender a Indústria, nos moldes propostos por Henry Ford² e outros industriais contemporâneos. Um modelo competitivista, técnico, sectário e ultrapassado.
Com o restabelecimento da democracia, o sistema de Educação sofreu diversas mudanças, mas continuou voltado para o consumo e interesses patrióticos e internacionais (SOARES, 1992), com poucas possibilidades de uma ação voluntária por parte do Educador, mantendo-se uma Grade Curricular que nem sempre respeitou/respeita os Direitos do educando.
Penso que pode haver um propósito neste aparente fracasso escolar. Enquanto a nossa Educação Pública for sucateada e sub-administrada como vem sendo, empresas estrangeiras continuarão dominando o mercado da Educação no Brasil, menos uma fatia do PIB para a nossa Economia em face do comprometimento do desenvolvimento criativo dos educadores e educandos brasileiros, além de ir causando, pouco a pouco, a extinção de muitas de nossas Culturas.
__
1. Zamponha: A 'flauta de Pan'. Instrumento musical dos povos andinos, constituído por um conjunto de tubos fechados numa extremidade, ligados uns aos outros em feixe ou lado a lado.
2. Henry Ford: O Fordismo, o Taylorismo e as linhas de produção como bases do processo produtivo do capitalismo industrial e suas repercussões sociais.
Referências Bibliográficas
DOIN, Germán. Documentário, Argentina, 2012, 115 min. Disponível em<https://youtu.be/NMZrM3Y9ZOE> Acessado em: 14/11/2020.
ILLICH, I. Sociedade sem escolas. Petrópolis: Ed. Vozes, 1985.
SOARES et alli. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez,1992.
VAGO, T. M. O “esporte na escola” e o “esporte da escola”: da negação radical para uma relação de tensão permanente. Um diálogo com Valter Bracht. Revista Movimento, ano 3, n.5, 1996. Disponível em:<http://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/viewArticle/2228>. Acessado em:14/11/2020.