O trecho citado é a sinopse do livro de Octavio Ianni, A Sociedade Global*, publicado em 1992 e citado até hoje em trabalhos acadêmicos, acima de tudo, dada à qualidade, profundidade e criticidade do texto do sociólogo.
Quase vinte anos depois, com o advento da pandemia da COVID 19, além da situação política mundial, da corrupção sistematizada e do avanço a passos largos da desigualdade social pós-moderna, a obra de Ianni, feito uma profecia que se concretiza, resume bem a visão que temos deste mundo pós-globalizado.
EaD Opcional x Ensino Presencial Obrigatório
Neste sentido a Educação torna-se um instrumento primordial, para que o indivíduo tenha ao menos uma chance de escapar das mazelas do novo mundo, tão mais competitivo quanto mais indiferente ao fracasso alheio.
No entanto a Educação também está comprometida, até certo ponto. A Escola normal atingiu o ápice da incompetência no terceiro mundo, revelando definitivamente o objetivo deste tipo de educação desde o princípio, quando líderes religiosos e empresários se uniram para fundar uma instituição capaz de doutrinar o proletariado, educando filhos de operários para se tornarem operários como seus pais. Enquanto escolas para ricos educavam crianças para se comportarem e agirem como ricos, com etiquetas definidas, vocabulário e comportamento diferenciados, uma forma sutil de separar os ricos dos pobres. Assim se deu a história e, hoje, em pleno século XXI, podemos enxergar o resultado dessas manobras.
Todavia, com a globalização chegou também o acesso a tecnologias que tanto servem para uns, como para outros. A Educação começou a se libertar das grades curriculares, e muitos jovens pobres buscam acesso a informações, conhecimentos e técnicas que não são disponibilizadas pela escola normal, mas através da internet. De repente abriram-se as portas das bibliotecas para quase todos. Um pobre pode ter acesso à mesma aula de um rico. Sociedades e organizações acadêmicas do mundo todo rapidamente se deram conta da importância do uso das novas tecnologias para propagação do conhecimento ora produzido, e praticamente todas as instituições passaram a oferecer cursos na categoria EaD (Educação a Distância).
Um ponto de vista otimista:
A escola normal está em xeque, não necessariamente deve ser extinta, a meu ver, mas precisa ser repensada, urgentemente. Faz-se necessário, e já se inicia, um processo de desescolarização da escola normal. Provavelmente deve-se aplicar técnicas da educação a distância no ensino presencial e isto já vem acontecendo. Penso que esta fusão poderá contribuir para o surgimento de um sistema educacional público mais atraente, funcional e competente.
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