Especialista em Metodologia do Ensino da Música e Musicoterapia, Educação Especial e Inclusiva, Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica, MBA em Gerenciamento de Projetos
Desde criança eu sempre sonhei em fazer filmes. Creio que muitas crianças sentem esse desejo pelo mentos uma vez na infância. Eu todavia permaneci sonhando até a maturidade. Hoje, aos 44 anos, meu primeiro curta metragem, feito apenas com um texto, uma entrevista e duas cenas de cinco minutos gravadas com um aparelho smartphone comum, orquestrado pelo parceiro de profissão Luan Campbell, e produzido no Estúdio El Sonido, em Santos, já está online, e inscrito no 12º CINEFANTASY, o Festival Internacional de Cinema Fantástico, na categoria 'Amador'.
Uma ficção baseada em histórias verídicas que denuncia o nosso egoísmo enquanto seres humanos em sociedade, tendo como exemplo a Fome, que mata milhares de pessoas por ano e que, no entanto, nunca fora combatida com o afinco, dedicação e velocidade com que estamos combatendo ao COVID19.
O filme está disponível no Canal Oficial do Estúdio El Sonido no YouTube, aprecie, curta, compartilhe: https://youtu.be/XWrM9r3_Jh0
Sinopse
Em tempos de pandemia, uma reflexão importante. A Fome mata mais que o Covid19, se fizéssemos os esforços que temos feito para acabar com a Pandemia, não poderíamos acabar com a Fome?
Sem música a vida seria um erro. (F. Nietzsche, 1844-1900)
Atesta a essencialidade da Música na vida do ser humano a famosa sentença de Nietzsche. E, de fato, desde os primórdios a mais sutil das artes tem, para cada cultura, sua importância. Presente na paz e na guerra, na alegria e na tristeza; não há pátria sem hino, não há mãe que não cante uma cantiga para ninar a criança.
Sim, cantamos para celebrar aniversários e para lamentar a morte, para comemorar vitórias e para chorar derrotas. Mas o pensamento de Nietzsche está claro vai além da questão de se poder ou não poder ouvir. O filósofo enfim goza de certa liberdade poética para estabelecer analogias que exemplifiquem o seu ponto de vista existencialista. Contudo, parafraseando o dito popular: o mais surdo é aquele que não quer ouvir!
Como hoje é sabido (conforme demonstrado no vídeo exemplo anexo deste artigo), a Música independe da capacidade plena ou parcial de ouvir.
Logo, é mister que surdos e deficientes auditivos também tenham garantidos direito e acesso a Educação Musical.
Tempo para as Belas Artes
Há não muito tempo atrás, cinquenta, cem anos, ainda o homem tinha mais tempo livre, mesmo vivendo em sociedades modernas, para se encantar com passatempos. Nestes tempos passados, no Brasil, eram raras as casas de família em que não houvesse ao menos um musicista. O mundo ainda dependia intensamente da música orgânica e, por volta de 1930, era comum a contratação de cantores e musicistas, aumentando a competitividade entre artistas, culminando no surgimento constante de aspirantes (CALABRE, 2002). CALABRE, Lia. A era do rádio. Rio de Janeiro: Jorge Zaar Ed., 2002.
Com o advento da tecnologia digital, a convenção da Internet e o avanço desenfreado da indústria moderna, o mundo vem trocando de valores. A sociedade tornou-se ainda mais materialista, diminuindo o contato do ser humano com o abstrato e com o profundo.
Ora, o ser humano globalizado que se formou a partir destas mudanças já não tem tempo para escolher, experimentar, aprofundar-se. Precisa ser oportuno, rápido e, para tanto, busca permanecer no raso.
Um País Musical Analfabeto-Musical
No Brasil a cultura Musical é riquíssima. São milhares de talentosos e virtuosos tocadores, violonistas, percussionistas e vocalistas. Parte chega a ser internacionalmente reconhecida e consumida. Generalizando, todo jovem brasileiro sonha ou já sonhou com atingir à fama através da sua arte.
Um fato é que entendemos música, fazemos música, mas poucos de nós sabemos ler e escrever música. Vale ressaltar que apenas a alguns anos a Educação Musical se tornou obrigatória no Ensino Fundamental e Médio da Escola Normal.
Lei 11.769 determina a obrigatoriedade da música na escola
O presidente Lula sancionou no dia 18 de agosto de 2008, a Lei Nº 11.769, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica. A aprovação da Lei foi sem dúvida uma grande conquista para a área de educação musical no País. Todavia, há também grandes desafios que precisam ser enfrentados para que possamos, de fato, ter propostas consistentes de ensino de música nas escolas de educação básica.
O trecho acima, extraído do site da ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical), disponível no endereço <http://abemeducacaomusical.com.br/artsg2.asp?id=20> até a data desta publicação, apresenta o cenário vivido pela militância pelo direito e o acesso a Educação Musical para todos no Brasil.
Novos Tempos
Enquanto educador musical, especialista em educação especial e inclusiva, penso que a maneira de se aprender e ensinar música pode e deve mudar, abrindo-se novas possibilidades de recursos que apoiem e tornem mais atrativas as aprendências, incluindo, sobretudo a tecnologia. Não funciona comprar instrumentos baratos, sem timbre, sem qualidade, simplesmente porque a legislação exige o menor orçamento. Assim tem sido feito, quando na verdade é preciso um olhar mais técnico. É preciso que se estabeleça, com a ajuda dos profissionais correspondentes, os requisitos mínimos que devem ser atendidos para garantir o melhor investimento. O desperdício de recursos é evidente, tenho observado trabalhando em diversas regiões do país.
Uma sugestão, além da aceitação e inclusão de instrumentos da música regional, incomuns até hoje no ensino de música nas escolas exceto em suas regiões de origem, tais como o berimbau, o pífano e a rabeca, o desenvolvimento de soluções atrativas a partir do uso de novas tecnologias (games, beatbox, apps) tudo pode e precisa ser usado para a criação de propostas consistentes de ensino da Música nas escolas, respeitando e incluindo, especialmente, todas as culturas musicais brasileiras.
"A escola é um rito iniciático que introduz o neófito à carreira sagrada do consumo progressivo..." Ivan Illich
O papel social da Escola, a priori, está relacionado às políticas sociais de cada povo, comunidade, sociedade ou país. No Peru, por exemplo, a Ancestralidade faz parte da formação escolar do educando, e para concluir o ensino fundamental, todo estudante precisa aprender a tocar pelo menos uma música na Zamponha¹, uma flauta ancestral que ensina a respirar. Naquela região, saber respirar é fundamental para sobreviver subindo montanhas. Neste sentido, o papel social da Escola, para aquele povo, é totalmente distinto do que acontece no Brasil. Aqui, para começar, nós fomos diretamente influenciados, em todos os sentidos, e por se tratar de um país de grandes dimensões, existem muitas Culturas importantes, patrimônio do nosso povo, que foram visivelmente descartadas em favor da introdução de culturas estrangeiras.
No período da Ditadura Militar, na década de 60, o papel da Escola Normal, no Brasil, não considerava, em hipótese alguma, e até discrimina e censurava qualquer manifestação cultural legítima brasileira, privilegiando esportes e culturas internacionais (APUD VAGO, 1996).
Por exemplo a Capoeira, o Samba e outras culturas populares autênticas, só hoje em dia são aceitas, regionalmente, em ambiente escolar. Isso porque o modelo de educação que se adotou no país, a partir da década de 60, foi criado para atender a Indústria, nos moldes propostos por Henry Ford² e outros industriais contemporâneos. Um modelo competitivista, técnico, sectário e ultrapassado.
Com o restabelecimento da democracia, o sistema de Educação sofreu diversas mudanças, mas continuou voltado para o consumo e interesses patrióticos e internacionais (SOARES, 1992), com poucas possibilidades de uma ação voluntária por parte do Educador, mantendo-se uma Grade Curricular que nem sempre respeitou/respeita os Direitos do educando.
Neste sentido, o papel da Escola Pública Normal, no Brasil, é questionável, e não pode-se dizer que não está sendo cumprido. Afinal, qual é o Papel deste modelo, que não respeita a necessidade da criança e do adolescente de se manifestarem, o acesso destes aos mesmos espaços e equipamentos ocupados e dominados pela elite, havemos de perguntar. Foi necessário um Regime de Cotas arbitrário para tentar amenizar essa desigualdade de eficiência.
Penso que pode haver um propósito neste aparente fracasso escolar. Enquanto a nossa Educação Pública for sucateada e sub-administrada como vem sendo, empresas estrangeiras continuarão dominando o mercado da Educação no Brasil, menos uma fatia do PIB para a nossa Economia em face do comprometimento do desenvolvimento criativo dos educadores e educandos brasileiros, além de ir causando, pouco a pouco, a extinção de muitas de nossas Culturas.
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1. Zamponha: A 'flauta de Pan'. Instrumento musical dos povos andinos, constituído por um conjunto de tubos fechados numa extremidade, ligados uns aos outros em feixe ou lado a lado.
2. Henry Ford: O Fordismo, o Taylorismo e as linhas de produção como bases do processo produtivo do capitalismo industrial e suas repercussões sociais.
ILLICH, I. Sociedade sem escolas. Petrópolis: Ed. Vozes, 1985.
SOARES et alli. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez,1992.
VAGO, T. M. O “esporte na escola” e o “esporte da escola”: da negação radical para uma relação de tensão permanente. Um diálogo com Valter Bracht. Revista Movimento, ano 3, n.5, 1996. Disponível em:<http://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/viewArticle/2228>. Acessado em:14/11/2020.
Da África para o resto do mundo: a Sétima Arte. A história do Cinema Africano começa bem antes de Tarzan, extraído do gracioso e sofisticado romance do escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs. No entanto a versão cinematográfica deste clássico, segundo a crítica, não reflete o personagem original da obra, e ainda cria estereótipos ruins. Mesmo assim, o sucesso foi tanto, que até hoje muita gente imagina a África do século XXI associada a imagens do período Colonial.
Suas terras, suas mulheres, homens e crianças, sua luz, a beleza africana é, desde sempre, naturalmente cinematográfica, não há como negar. Também a pobreza extrema em certas partes do continente africano, as causas, tudo relacionado à África parece perfeito para o Cinema. E assim continua cada vez mais vivo o Cinema Africano! Por isso eu quero compartilhar uma ótima notícia para os apreciadores desta arte e da cultura afro, em especial. Começa hoje (10/09/2020) o Cine África no Sesc Digital. Uma mostra de produções cinematográficas africanas, programa riquíssimo, super-recomendo.
Frontières
Entre os títulos exibidos, Fronteiras (título original: Frontières), de Apoline Traoré, que aliás já está liberado, link no fim deste artigo! O filme de Traoré promete emocionar o publico desde as primeiras cenas, vale conferir.
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Serviço:
'Entre os meses de setembro e novembro, a Mostra de Cinemas Africanos apresenta a nova edição do Cine África, com vários títulos de ficção e documentários, alguns inéditos no Brasil. O projeto online e gratuito traz 12 sessões (dez longas e dois programas de curtas) – todos legendados em português – com filmes de destaque de Burkina Faso, Camarões, Egito, Etiópia, Nigéria, Quênia, Senegal e Sudão. Todas as quintas, a partir do dia 10 de setembro, a mostra estreia um filme novo, que ficará disponível por uma semana na plataforma, acompanhado de uma entrevista exclusiva com seu diretor ou diretora. As exibições gratuitas são realizadas na plataforma Sesc Digital. O Cine África é uma realização do Sesc São Paulo.' Acesse: https://sesc.digital/colecao/53135
Título original: "Born to be Blue". Um filme sensacional. Dirigido por Robert Budreau, a obra canadense resume parte da vida do jazzista Chet Baker (1929-1988), um dos maiores trompetistas da sua geração. O elenco conta com Ethan Hawke, interpretando Chet Baker, e Carmen Ejogo, interpretando ora Jane, ora Elaine, representando as musas inspiradoras do musicista.
Além de trompetista, Chet Baker era vocalista, dono de uma voz singular, muito especial. Quem conhece um pouco da sua obra sabe que, ao ouvi-lo cantar, é comum sentir arrepios de emoção. Logo, a trilha sonora por Randy Edelman não podia ser melhor, tornando o filme, para além de interessante, encantador e comovente.
Meus heróis morreram de overdose...
O verso (Meus heróis morreram de overdose...), do compositor brasileiro, Cazuza ilustra bem o sentimento dos fãs de Chet Baker. Na verdade sua morte foi misteriosa, aos 58 anos, quando caiu de uma janela do Hotel Prins Hendrik, na madrugada de 13 de maio de 1988, mas a tragédia principal da sua vida parece ter sido mesmo a sua dependência de heroína, que foi o que mais atrapalhou a sua carreira, levando o musicista muitas vezes à ruína.
O drama se passa em torno da necessidade que Chet Baker sente de fazer sucesso, de vender discos, de viver da sua obra e, consequentemente, dar orgulho aos seus pais e pouquíssimos amigos. Para Chet é trompete ou nada. No decorrer da história, ressalta-se uma cena: Chet leva uma surra e perde os dentes todos. Com isso, voltar a tocar, e tão bem quanto antes, torna-se primeiro um desafio, depois uma obstinação. O filme em si é uma mistura de documentário com ficção, especialmente focado na história do Jazz, por isso vale muito para quem aprecia, estuda ou vive de Jazz.
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Disponível em <https://youtu.be/oNy45VXvY4Y> até a data desta publicação.
"A interdependência crescente que se verifica na sociedade de massa é, além disso, multiplicada, já em escala internacional, pela emergência dos chamados problemas globais da humanidade: a impossibilidade de uma guerra na era das armas nucleares de extermínio, a necessidade de enfrentar coletivamente as catástrofes ecológicas, assim como os problemas levantados pelas novas técnicas (...) assim como a antítese seca entre capital e trabalho assalariado."
O trecho citado é a sinopse do livro de Octavio Ianni, A Sociedade Global*, publicado em 1992 e citado até hoje em trabalhos acadêmicos, acima de tudo, dada à qualidade, profundidade e criticidade do texto do sociólogo.
Quase vinte anos depois, com o advento da pandemia da COVID 19, além da situação política mundial, da corrupção sistematizada e do avanço a passos largos da desigualdade social pós-moderna, a obra de Ianni, feito uma profecia que se concretiza, resume bem a visão que temos deste mundo pós-globalizado.
EaD Opcional x Ensino Presencial Obrigatório
Neste sentido a Educação torna-se um instrumento primordial, para que o indivíduo tenha ao menos uma chance de escapar das mazelas do novo mundo, tão mais competitivo quanto mais indiferente ao fracasso alheio.
No entanto a Educação também está comprometida, até certo ponto. A Escola normal atingiu o ápice da incompetência no terceiro mundo, revelando definitivamente o objetivo deste tipo de educação desde o princípio, quando líderes religiosos e empresários se uniram para fundar uma instituição capaz de doutrinar o proletariado, educando filhos de operários para se tornarem operários como seus pais. Enquanto escolas para ricos educavam crianças para se comportarem e agirem como ricos, com etiquetas definidas, vocabulário e comportamento diferenciados, uma forma sutil de separar os ricos dos pobres. Assim se deu a história e, hoje, em pleno século XXI, podemos enxergar o resultado dessas manobras.
Todavia, com a globalização chegou também o acesso a tecnologias que tanto servem para uns, como para outros. A Educação começou a se libertar das grades curriculares, e muitos jovens pobres buscam acesso a informações, conhecimentos e técnicas que não são disponibilizadas pela escola normal, mas através da internet. De repente abriram-se as portas das bibliotecas para quase todos. Um pobre pode ter acesso à mesma aula de um rico. Sociedades e organizações acadêmicas do mundo todo rapidamente se deram conta da importância do uso das novas tecnologias para propagação do conhecimento ora produzido, e praticamente todas as instituições passaram a oferecer cursos na categoria EaD (Educação a Distância).
Neste sentido, o ensino presencial obrigatório robotiza educandos, por meio de um sistema de ensino humanizado. Em contrapartida, a educação a distância (EaD) opcional humaniza educandos, através de um sistema de ensino robotizado. A meu ver a EaD opcional sugere um sistema educacional mais democrático, e menos egocêntrico. Não é sempre que estamos dispostos a refletir, participar, colaborar ou dar atenção a um professor. Muitas vezes os educandos chegam na sala de aula já cansados, ou preocupados com eventos do seu cotidiano, muitas vezes não está preparado naquele momento para fazer uma avaliação. A educação a distância permite ao educando gerenciar e decidir a velocidade do seu progresso, bem como auto-avaliar-se quanto ao seu desempenho, promovendo mais consciência e combatendo a alienação social.
Um ponto de vista otimista:
A escola normal está em xeque, não necessariamente deve ser extinta, a meu ver, mas precisa ser repensada, urgentemente. Faz-se necessário, e já se inicia, um processo de desescolarização da escola normal. Provavelmente deve-se aplicar técnicas da educação a distância no ensino presencial e isto já vem acontecendo. Penso que esta fusão poderá contribuir para o surgimento de um sistema educacional público mais atraente, funcional e competente.
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*Ianni, Octávio (1992). A Sociedade Global. Civilização Brasileira. ISBN 9788520001004
Encerra hoje a Semana do Xadrez 2.0, o mair evento gratuito de Xadrez da América Latina. Uma iniciativa do mestre enxadrista Evandro Barbosa. O menino é realmente genial! Com apenas 23 anos de vida, já é um dos maiores nomes do xadrez da sua geração. Durante o curso, conforme suas próprias palavras, Evandro apresenta "Um método que acelera brutalmente o aprendizado de xadrez, em que o jogador aprende desde os fundamentos em todos as fases do jogo até entender o as técnicas mais profundas do grandes mestres, conseguindo assim alcançar o próximo nível."
O material do curso ainda está todo disponível, mas não por muito tempo. As aulas são empolgantes, com base em boas partidas, jogadas temáticas, cálculos, estratégias, dicas e histórias de vida do jovem mestre. Ao todo, quatro vídeo-aulas e um vasto material complementar de treinamento, tudo de alta qualidade.
As comunidades de xadrez vem crescendo significativamente no Brasil e no mundo. A iniciativa de Evandro Barbosa, neste sentido, é uma excelente oportunidade, tanto para amantes do esporte, como para quem está iniciando no jogo.
Título original "La Educación Prohibida" Argentina, 2012, 115m. Um documentário genial, dirigido por Germán Doin. Para além da necessidade de melhorar a escola, o roteiro de Doin, Verónica Guzzo, Julieta Canicoba e Juan Vautista propõe uma reflexão sobre a necessidade de desescolarizar a escola. O projeto envolve estudantes e educadores de oito países diferentes, cuja experiência com pedagogias alternativas permite ao espectador uma visão plurilateral da problemática.
O amor é vital para a aprendizagem...
O filme se passa em torno de um caso de uso específico. Trata-se de um aluno do ensino médio que apresenta ao seu professor uma redação em que critica aberta e livremente a pedagogia aplicada em sua escola, falando sobre uma sociedade controlada pelo medo e, especialmente, sobre o direito à liberdade de expressão. O manifesto é censurado pela direção da escola e assim se dá o conflito. Entre uma e outra cena vão se misturando entrevistas, casos que sutilmente ajudam a ilustrar e a compreender melhor o tema proposto.
A obra foi financiada coletivamente, contou com centenas de co-produtores, tem licença livre para reprodução e copiagem. Seja você educador ou estudante, vale assistir.
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Disponível em <https://youtu.be/NMZrM3Y9ZOE> até a data desta publicação.
Documentário, Argentina, 2012, 115 min
Direção: Germán Doin
Roteiro: Germán Doin, Verónica Guzzo, Julieta Canicoba e Juan Vautista
Fotografia: Sandra Grossi
Montagem: Germán Doin e Verónica Guzzo
Produção: Daiana Gomez, Verónica Guzzo, Franco Iacomella e Cintia Paz
Oferecido por Hamilton College através do AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) da EDX, o curso encerrou, oficialmente, em 2016, mas o material completo continua disponível para consulta. Um acervo de vídeos, textos, entrevistas, imagens e áudios que ilustram a história do jazz no mundo e ajudam o educando a compreender melhor o significado do movimento.
Eu preparei uma playlist muito especial, com base nos vídeos indicados no curso, um presente para aqueles que apreciam esta bela arte, tão rica de descobertas e tão presente até aos dias de hoje.
Baseado em importantes documentos internacionais, em especial na palestra "El peligro de la historia única", disponível na plataforma TED, da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (foto), este MOOC (Massive Online Open Course), traz à tona sérias reflexões sobre o preconceito que ainda vigora no mundo, especialmente em relação a culturas diferentes da nossa, e sobre como a interculturalidade se faz imprescindível neste caso.
Destinado a estudantes e profissionais de diferentes áreas, o curso é ministrado em espanhol, francês e inglês, mas o estudante pode optar pelo que preferir para fazer os exercícios e as avaliações. Tem, por objetivo, a apresentação de ferramentas para a abertura de dimensões interculturais na vida cotidiana do cursando.
Finalizando este artigo, segue um pequeno trecho transcrito da palestra de Chimamanda Ngozi, como fonte de inspiração:
(...) quando deixei a Nigéria para cursar uma universidade nos Estados Unidos, eu tinha 19 anos. Minha colega de quarto, americana, ficou chocada comigo. Ela perguntou onde eu tinha aprendido a falar inglês tão bem e ficou confusa quando disse que a Nigéria tinha o inglês como idioma oficial. Ela perguntou se podia ouvir o que chamava de "música tribal" e, consequentemente, ficou muito decepcionada quando produzi minha fita de Mariah Carey (risos).
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade
Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde, TDAH é um transtorno muito comum entre crianças e adolescentes no Brasil e no mundo. Em alguns países, como é o caso dos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos por lei, quanto ao tratamento recebido no ambiente escolar.
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) o TDAH "ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos."
Para quem atua como educador, todavia, o melhor a se fazer, a meu ver, é conhecer o transtorno mais a fundo, quer para ajudar crianças com TDAH em sala de aula, quer para não incorrer no erro de descartar a hipótese por falta de informação, simplesmente.
O curso é ministrado em parceria com a Universidade em Buffalo, através da plataforma de educação a distância Coursera, por meio de vídeos, transcrições e leitura obrigatória e indicada, e disponibiliza para download diversas ferramentas para aplicação prática das estratégias estudadas, documentos e modelos fundamentais para ajudar o profissional em campo. Orientar o reconhecimento dos sintomas, o diagnostico com base nas evidências e o tratamento mais adequado são os principais objetivos. Eu fiz o curso e recomendo para pais e educadores em geral, além do mais, é gratuito.
Com o avanço da tecnologia, educação à distância se tornou um bom caminho para continuar estudando, especialmente nestes tempos de pandemia. Há inúmeras plataformas EAD na internet, que disponibilizam cursos em praticamente qualquer área de atuação, com opção de certificação.
Geralmente, após concluir o curso, o estudante pode solicitar um certificado de conclusão, autenticado pela instituição de ensino responsável, mediante o pagamento de uma taxa administrativa, ou taxa de envio, que pode variar muito de preço, de acordo com a qualidade do curso, prestígio da instituição, qualificação dos professores, etc.
Entretanto, muitas destas instituições oferecem auxílio financeiro. Eu fiz esta opção em duas famosas plataformas, EDX e Coursera. Após preencher os formulários exigidos no processo, na EDX obtive um desconto de 90% para um curso oferecido por Harvard e, na Coursera, 100% para um curso oferecido pela USP.
Este tipo de auxílio sempre existiu, mas nunca fez tanto sentido. De fato, por conta da pandemia que estamos vivenciando, algumas instituições estão realmente empenhadas em ajudar. A Coursera, por exemplo, isentou de pagamentos os estudantes universitários até o final de setembro, e os seus cursos, geralmente, são oferecidos por importantes universidades.
Para aqueles que buscam apenas o conhecimento, basta escolher o curso e começar. Para quem deseja ou precisa de certificação por qualquer motivo, este é um bom momento para economizar.
A milenar arte de contar histórias é parte da cultura de praticamente todos os povos. Eu imagino nossos ancestrais sentados em torno de uma fogueira narrando feitos impressionantes, imagino um ancião tentando transmitir os seus valores aos seus netos através de lindas histórias. E conforme vão sendo contadas, as histórias vão se tornando outras histórias. Se uma criança ouve uma história aos dois anos de vida, por mais esperta que seja, aos três anos já não terá o mesmo significado, nem aos sete, sequer aos quatorze, nem aos trinta, menos ainda aos noventa. A história não é a história, enfim, mas uma seta, uma dica, uma letra, uma flecha que aponta em direção à história que habita dentro do nosso Ser. Mudamos e assim a história muda. Ainda que as palavras permaneçam as mesmas, amanhã será uma nova história, porque o significado das coisas muda quando aquele para quem tais coisas são significantes muda.
Eu tenho sido um contador de histórias a minha vida toda, por meio de poesia, música, teatro, e penso sobre como isto evoluiu. Nossas histórias têm sido transmitidas oralmente, textualmente, artisticamente, via rádio, televisão, cinematograficamente e todos estes modos podem ser muito divertidos. Ultimamente o mundo tem se interessado, mais do que nunca, por telas. Telas encantam, hipnotizam. Nada mais eficaz para prender a atenção do espectador do que um bom jogo de telas.
Para aqueles que apreciam, pessoalmente eu amo storytelling, vale estudar o assunto, quer contadores de histórias, desenhistas ou simplesmente telespectadores em busca de diversão e cultura, pois o espetáculo fica ainda mais interessante quando se conhece as técnicas e recursos utilizados na produção de uma história. Por isso a Pixar, mundialmente famosa por suas espetaculares animações, desenvolveu um curso genial, oferecido gratuitamente através da plataforma de ensino à distância Khan Academy
Eu fiz o curso e gostei muito. Ao contrário do que se possa pensar, não é preciso ser desenhista para trabalhar com storytelling, mas uma série de habilidades, de modo que um único projeto pode e quase sempre conta com uma equipe de artistas envolvendo roteiro, diagramação, programação, desenho entre outros. Mas tudo começa com uma boa história, essa é a magia.
"O que torna uma história ótima? O que faz de alguém um bom contador de histórias? Contar histórias é algo que todos fazemos naturalmente, a partir de uma idade jovem, mas há uma diferença entre uma boa narrativa e uma ótima narrativa." Estas são as palavras introdutórias do curso, cujas aulas são ministradas por profissionais da Pixar e, graças ao poder da plataforma, dinâmicas e muito produtivas.
Criação de personagens, estrutura da história, linguagem visual, gramática cinematográfica e trabalho em equipe são os fundamentos do curso e isso é basicamente tudo o que se pode aprender introdutoriamente. No entanto foi o bastante para me ajudar, como contador de histórias, a refletir sobre as maneiras como podemos fazer esse trabalho. Por exemplo, com algum conhecimento, pode-se perceber as estratégias usadas nas cenas de uma história exibida para manipular as emoções do espectador. Sem dúvida isso me ajudou a apreciar melhor uma boa história, bem como a lidar com as minhas próprias histórias e a forma como posso contá-las.
"A Música e o Silêncio" ou "Além do Silêncio"- título original "Jenseits der Stille" - é um premiado longa-metragem alemão produzido em 1996, dirigido pela cineasta Caroline Link. O filme conta a história de Lara, desde a infância até a juventude, interpretada pelas atrizes Tatjana Trieb e Sylvie Testudfilha, respectivamente. A personagem é filha de um casal deficiente auditivo, Kai e Martin (Emmanuelle Laborit e Howie Seago), com quem ela se comunica apenas com linguagem de sinais. Ainda jovem, recebe da tia paterna, Clarisse, um clarinete de presente e logo desenvolve o dom de tocá-lo e o amor pela música, sem saber que, com isso, está prestes a desenterrar um trauma de infância de seu pai.
Um conflito emocionante...
O drama se passa numa cidadezinha ao sul da Alemanha e se desenvolve com base no conflito entre dois mundos muito diferentes. A deficiência dos pais parece impedi-los de compreender algumas das escolhas de Lara ao longo de sua vida, representada através de cenas encantadoras, algumas chocantes, outras simplesmente geniais. Uma bela fotografia e, certamente, uma trilha sonora impecável. Mistério, suspense, romance, comédia, música e psicologia, uma mistura de gêneros que sutilmente manipula os sentimentos do espectador. Entre os prêmios recebidos estão, o de melhor filme alemão de 1997 e, claro, melhor trilha do mesmo ano. Também foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1998. Trata-se de uma obra de muito bom gosto, vale conferir.
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Disponível em <https://youtu.be/GPs-weIveEQ> até a data desta publicação.
Drama, Canadá, 1996, 108 min
Direção: Caroline Link
Roteiro: Robert Budreau
Elenco: Tatjana Trieb, Sylvie Testudfilha, Emmanuelle Laborit e Howie Seago
Falar de tecnologia, hoje em dia, é quase como falar de terra, água, fogo e ar. É como se fosse um quinto elemento. Faz parte do nosso cotidiano, a tal ponto que até os bebês já a compreendem, a seu modo, a manipulam e se viciam em seus produtos quase que instantaneamente. Neste sentido, a cultura humana toma novos rumos. Um bom exemplo, a história dos games.
Em 1950, alguns cientistas da computação começaram a criar simuladores e testes comportamentais unindo animação gráfica e interatividade em aplicações únicas. Com o avanço desta prática surgiram os games e desde então somos crianças diferentes.
Os games puseram em cheque os demais entretenimentos. Presa ao jogo, a criança se sente liberta, de certa maneira, pois no ambiente virtual, ela pode ir além, fazer coisas que de outra maneira seriam impossíveis. São desafios virtuais com gratificações virtuais , por isso se torna divertido na medida em que sua mente mergulha neste universo de ilusão e fantasia.
A educação tecnológica, por sua vez, avança a passos largos por seus próprios meios. A cada dia, mais e mais tutoriais são publicados, cursos e mais cursos veiculados, uma espécie de era do "só não sabe quem não quer". E construir um game, outrora sonho de milhares de jovens, tornou-se uma tarefa simples. Graças ao aumento da nossa capacidade de armazenamento de dados, está praticamente tudo pronto. As bibliotecas de classes estão cada vez maiores e mais dinâmicas, pouquíssimos scripts precisam ser criados do zero. E assim caminha a humanidade.
Quando eu era criança eu também ficava sonhando em construir o meu próprio game. Na época, década de 80, isso ainda era uma utopia no Brasil. Eu só conhecia o Atari, nem imaginava onde chegaríamos e nem que seria assim tão rápido. Hoje, como arte-educador, creio que seja importante entender mais sobre o assunto, para ajudar as crianças a encontrar um ponto de equilíbrio, para que aprendam a usar a tecnologia com moderação e segurança. É importante que se interessem por outras atividades, não que sejam obrigadas a fazê-las, mas que de fato se interessem.
Eu sou formado em Desenvolvimento de Sistemas desde 2013, comecei programando em C Sharp, na faculdade, e mais a frente passei a programar em Python. No entanto nunca havia experimentado construir uma aplicação do tipo game. Por estes dias andei estudando sobre o assunto na web, e descobri uma infinidade de recursos.
Através da plataforma EAD Allan Brito, fiz o curso Unity 3D Básico. O Unity 3D é um software que facilita a criação jogos e aplicações interativas para Web, Desktop, iOS, Android e até mesmo consoles como PS3, XBOX 360 e Wii. Neste curso de Allan Brito, o educando aprende a trabalhar com os aspectos primordiais do Unity 3D: interface, organização de projetos, primitivas geométricas, importação de modelos 3d, texturas, luzes, controles e exportação projetos.
A qualidade do curso é excelente, mas para rodar o software Unity 3D é necessário um bom equipamento, pois as aplicações podem se tornar muito pesadas na medida em que se avança no desenvolvimento. Por isso eu experimentei outras ferramentas e posso recomendar o Construct (Classic, 1 ou 2), para quem quer dar um primeiro passo mas não sabe por onde começar.
O Construct é semelhante aos demais editores como o Unity 3D, por exemplo, com menos recursos, no entanto. Os próprios desenvolvedores do software disponibilizam em seu site - www.construct.net - todo o material necessário para aprender a operá-lo. Com esta ferramenta é possível começar a criar games imediatamente.
Para testar um pouco do que aprendi estudando, desenvolvi, utilizando o Construct 2, um pequeno jogo de plataforma, para o meu sobrinho de apenas um ano e meio de idade. O game é muito básico, mas serve como exemplo do que é possível fazer hoje em dia, em pouco tempo e com poucos recursos. Para jogar, visite o meu perfil na itch.io ou utilize o link abaixo.
A Universidade de São Paulo, uma das mais importantes do Brasil, faz parte da plataforma Coursera, por meio da qual oferece cursos de alta qualidade, inclusive de especialização. A fim de aprimorar os meus conhecimentos em Projetos, fiz o curso
oferecido pela USP em pareceria com a Universidade da Califórnia, Irvine. Neste curso o educando estuda os fundamentos da Gestão de Projetos, vocabulário e ferramentas utilizadas pelos profissionais da área.
O trabalho final consiste na elaboração e postagem dos sete principais recursos: Termo de Abertura (TAP), Estrutura Analítica (EAP), Cronograma, Matriz de Responsabilidade, Orçamento, Sequenciamento de Atividades e Análise de Riscos do Projeto. Cada aluno do curso desenvolve o seu trabalho com base nos exemplos dos professores ou a partir de ideias próprias de projetos reais ou fictícios.
O sistema de avaliação também é muito interessante. Praticamos avalizações em pares; cada aluno, depois de postar o seu trabalho, avalia o trabalho de dois colegas de curso, orientando-se pelas rubricas fornecidas nas instruções de cada atividade avaliativa.
São muitas opções de cursos, todos certificados, oferecidos por grandes universidades de várias partes do mundo . Não são gratuitos, mas o estudante pode recorrer ao serviço de Auxílio Financeiro, disponibilizado pela plataforma através de link exibido no ato da inscrição de cada curso.
A renomada escola de música Berklle, Boston, USA, oferece cursos online, com certificação, em vários níveis de graduação através da plataforma de ensino Berklle Online. Entre outros motivos, a Berklle é famosa por ter se tornado, ao longo de 75 anos, uma das mais recomendadas escolas de jazz dos Estados Unidos, e uma das mais bem sucedidas do mundo. Além de estudar música no conforto do seu lar, o educando pode vir a aprender com grandes nomes da música internacional como, por exemplo, o espetacular George Russel.
Compositor e educador, o artista George W. Russell Jr. é um dos professores da Berklle. Recentemente, participei do curso:
O curso apresenta os principais conceitos e abordagens necessários para entender, criar e tocar música contemporânea: acordes, escalas, melodias. Mas o que encanta é a didática de George Russel, o carisma e a facilidade com que ele conduz as aulas. Para quem está começando a estudar música agora, recomendo. E para aqueles que já trabalham com educação musical, noto que esta é uma excelente oportunidade para conhecer e reconhecer ótimas técnicas de ensino-aprendizagem das artes e das ciências musicais.
Através da plataforma de educação à distância HarvardX (visite o meu perfil na edX) concluí o curso de processo colaborativo de melhorias de ensino-aprendizagem:
O curso apresenta o processo Date Wise, que se divide em 8 etapas. Nas primeiras etapas aprendemos sobre formar uma boa equipe, coletar e analisar dados mantendo o foco nas evidências. Há um vocabulário especifico para as reuniões de equipe e normas claras. As aulas são repletas de use cases reais, por meio dos quais vamos compreendendo como se desenvolve o processo Date Wise em diversas circunstâncias.
Um dos principais objetivos do curso é levar o educando a refletir sobre os hábitos da mente: ação, colaboração e evidência. Aprendemos, praticando, a não pular etapas, a fazer declarações com base nas evidências, a elaborar um plano claro de ação, curto e com metas e prazos bem definidos. Uma excelente opção de curso para quem deseja aprimorar seus conhecimentos e ainda obter um certificado emitido por uma das maiores instituições de educação superior do planeta.
O Relato encomendado pela UNESCO à INSEA (1989), assinado pela educadora brasileira Ana Mae Barbosa, já fazia sérias referências à importância da arte-educação para o desenvolvimento de um ser-humano melhor.
O documento serviu como base para o "Congress on Quality on Art Teaching", da UNESCO, tal sua consistência. O artigo começa explicando: 'Artes têm sido uma matéria obrigatória em escolas primárias e secundárias (1º e 2º graus) no Brasil já há 17 anos. Isto não foi uma conquista de arte-educadores brasileiros mas uma criação ideológica de educadores norte-americanos que, sob um acordo oficial (Acordo MEC-USAID), reformulou a Educação Brasileira, estabelecendo em 1971 os objetivos e o currículo configurado na Lei Federal nº 5692 denominada "Diretrizes e Bases da Educação'.
Outra observação relevante e construtiva encontrada no texto é sobre cursos de Licenciatura em Educação Artística nas faculdades e universidades do Brasil, em sua maioria de dois anos de duração, outorgando diplomas a arte-educadores: 'É um absurdo epistemológico ter a intenção de transformar um jovem estudante (a média de idade de um estudante ingressante na universidade no Brasil é de 18 anos) com um curso de apenas dois anos, num professor de tantas disciplinas artísticas.'
O documento - o artigo integral - a que me refiro está disponível para leitura e download na internet. Este não é um assunto tão popular, até os dias de hoje, e apenas uma pequena parte dos acadêmicos brasileiros se preocupa em investigar a questão. Muitos de nós, leigos, não compreendemos as prioridades do governo para a educação, mas sentimos, ao longo dos anos, que algo não está bem. A meu ver, arte-educação é a disciplina da cura. A nossa sociedade anda adoecida, não é de hoje. Somente se fechamos os olhos é que deixamos de observar a corrupção, a falta de ética e o descompromisso que permeia a nossa vida.
Outrora chamada de educação-artística e focada quase que exclusivamente na arte de desenhar, suas técnicas e utilidades, especialmente industriais, arte-educação é algo muito mais amplo, penso que diretamente relacionado à qualidade da nossa cultura, entenda.
Hoje, no Brasil e no mundo, contamos com diversos projetos experimentais envolvendo arte-educação, aplicando, por vezes, práticas pedagógicas não previstas nas diretrizes governamentais, todavia notavelmente avançadas e competentes. Sinto que falta apoio para estas ações, para que haja um fortalecimento cultural. É evidente que precisamos de uma sociedade mais culta. e posso ver que, neste sentido, arte-educação vem a ser um excelente caminho.
Um povo sem cultura, sucateia a educação, a saúde, o meio-ambiente. Uma sociedade culta pensa melhor, desenvolve-se, prospera.
Saiba mais sobre Arte-educação com Ana Mae Barbosa (ECA/USP, São Paulo/SP):